Os Remédios do Amor, e o Amor sem Remédio!

O amor humano tem um grave problema, ele sofre de enfermidade. E não há como falar do amor sem remédio, sem falar dos remédios do amor!
Os remédios do amor mais eficazes encontrados até hoje são quatro: o tempo, a ausência, a ingratidão, e, o melhorar de objeto. Remédios que curam a enfermidade, servem de defesa ao coração humano, às vezes até diminuem nosso amor, mas que não foram capazes de mudar o amor do Dono do Amor, cujo tempo não o diminuiu, nem a ingratidão o esfriou, nem a ausência o enfraqueceu, nem a melhoria do objeto o mudou um ponto. Falarei deles a partir de hoje!
O primeiro remédio é o tempo. Ele tudo cura, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo faz acabar. Lembrando do famoso ditado, “tudo que é bom dura pouco”, a razão natural disso é o fato de que o tempo tira a novidade às coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto, e basta que sejam usadas para não serem as mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto mais o amor? O mesmo amar é causa de não amar, e o ter amado muito, de amar menos. Um bom exemplo para isso é o amor de Davi por Bersabé, amor que o levou a fazer coisas extremas e a esquecer do Pai, mas pelo infinito amor de Deus ao final de um ano, essa relação chegou ao fim. O que era desejo se trocou subitamente em dor; o que era cegueira, em luz; o que era gosto, em lágrimas; e o que era amor, em arrependimento. E se tanto pode um ano, que farão os muitos?
Estes são os poderes do tempo sobre o amor. Mas sobre qual amor? Sobre o amor humano, que é fraco; sobre o amor humano, que é inconstante; sobre o amor humano, que não se governa por razão, senão por apetite; sobre o amor humano, que, ainda quando parece mais fino, é grosseiro e imperfeito. O único amor perfeito, e que só merece o nome de amor, vive imortal longe de qualquer mudança, e não chegam lá os efeitos do tempo. Nem os anos o diminuem, nem os séculos o enfraquecem, nem as eternidades o cansam.
E como o Dono do amor poderia achar remédio no tempo? Primeiro, Ele curou nosso interior, nosso amor, com o tempo! De tal forma que o tempo passou a ser dividido em “antes Dele” e “depois Dele”. Tudo passa, mas só o infinito amor do Dono do Amor continua sempre inteiro, sem diminuição, sempre firme, sempre perseverante, sempre o mesmo, porque, assim como tinha amado no princípio Ele irá nos amar até o fim!
Tão longe esteve o tempo de diminuir o amor Dele, que antes o amor Dele diminuiu o tempo. Isso fica claro no dia em que Ele fala aos apóstolos que haveria uma hora que iria para o Pai, no entanto ainda restavam alguns dias. Eram tantos dias, e era uma só hora? Sim, porque todos estes dias em que o Senhor estava no mundo, eram dias de estar com os seus amados, e, ainda que pela medida do tempo eram muitos dias, pela conta do seu amor era uma só hora. Reparem agora que desde a hora da Ceia até a hora em que Cristo subiu ao céu, passaram-se pontualmente mil horas. E todos estes dias que medidos pelo tempo, faziam cabalmente mil horas, contadas pelo relógio do amor, que Cristo tinha no peito, era uma só hora. Por isso se chama: hora sua, porque para o mundo e para o tempo eram mil horas, e para Cristo e para o seu amor era uma. E se o amor de Cristo de mil horas fazia uma só hora, vejam como é certo que em vez de o tempo diminuir o amor, o Amor diminuiu o tempo.
O Dono do Amor morreu por sua paixão, e sofreu mais do que qualquer homem possa ter sofrido ou sofrer. E quantos séculos de sofrimento caberiam naquelas compridíssimas horas? Foram tão compridas, que bastou a duração delas para satisfazer pela eternidade das penas do inferno, que com a mesma duração se pagavam. E que sendo tão compridas, ou tão eternas àquelas horas, reduzissem o amor de Cristo a uma só hora.
As outras horas e dias eram para Ele muito breves, porque eram horas de estar com os que tanto amava e também a hora de morrer por nós foi breve, porque era hora de padecer por nós!
Tão grande amor nos ensina como devemos amar, sendo pacientes e preferindo a paciência do que a presença, pois o verdadeiro amor dano algum sofre quando está submetido a essa condição, muito pelo contrário, ele cresce, se torna forte! Portanto, devemos amar Aquele que tanto nos amou, e que não haja nada em nós que vença este amor. Pois se Ele nos amou por toda uma eternidade, por que não o amaremos por tão poucos dias, e tão breves, como são os da nossa vida?

* Sermão do Mandato...
* 1 Coríntios 13: 8
* Hebreus 10:37
* Gálatas 4:10

"Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia".

(II Pedro 3:8)

Que Deus abençoe a todos!.... =)